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Preço médio do leite ao produtor em julho e pago em agosto pode subir até 3%

Mesmo com os resultados negativos do mercado de lácteos em julho, a indústria não deve conseguir impor queda de preços no campo. Pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam que, na média, a valorização do leite captado em julho e pago ao produtor em agosto pode chegar a 3%”, ressalta a edição de agosto do Boletim do Leite do Cepea, divulgado nesta quarta-feira (18). “A elevação dos preços no campo, no entanto, não tem sido suficiente para garantir aumento de rentabilidade, tendo em vista a forte pressão dos custos, especialmente neste momento em que o clima desfavorece a atividade leiteira”, pontua Natália Grigol, da Equipe Leite do Cepea, no Boletim do Leite de agosto.



30/08/2021 - “Mesmo com os resultados negativos do mercado de lácteos em julho, a indústria não deve conseguir impor queda de preços no campo. Pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam que, na média, a valorização do leite captado em julho e pago ao produtor em agosto pode chegar a 3%”, ressalta a edição de agosto do Boletim do Leite do Cepea, divulgado no dia 18/08.


“A elevação dos preços no campo, no entanto, não tem sido suficiente para garantir aumento de rentabilidade, tendo em vista a forte pressão dos custos, especialmente neste momento em que o clima desfavorece a atividade leiteira”, pontua Natália Grigol, da Equipe Leite do Cepea, no Boletim do Leite de agosto.


Leia, abaixo, a íntegra das análises de Natália Grigol e de Caio Monteiro sobre os preços do leite ao produtor e custos de produção:


Clima adverso e custos em alta mantêm avanço de preços no campo


Natália Grigol/Da equipe Leite do Cepea


“Sazonalmente, o período de julho a setembro é marcado pela transição da produção leiteira. São os meses finais que marcam a entressafra, e, a partir de então, com o avanço das culturas de inverno e retorno da primavera, a produção tende a se recuperar – o que, por sua vez, acaba limitando o movimento de valorização do leite ao produtor. Assim, o terceiro trimestre é um período delicado para os agentes do setor lácteo, que precisam alinhar suas expectativas, pois os fatores de oferta, em transição, alteram o equilíbrio com a demanda. E, dependendo dos contextos econômico e climático, esse cenário pode ficar ainda mais instável. E foi o que aconteceu neste ano.


Em julho, agentes consultados pelo Cepea sinalizaram que, mesmo com oferta limitada no campo, o preço do leite captado naquele mês e pago ao produtor em agosto poderia se estabilizar, fundamentados na frágil demanda. Vale lembrar que o preço do leite captado em junho e pago ao produtor em julho atingiu R$ 2,3108/litro na “MédiaBrasil” líquida, recorde real (dados deflacionados pelo IPCA de junho de 2021) da série histórica do Cepea, iniciada em 2005.


Essa expectativa de estabilidade para agosto fugia do movimento sazonal tipicamente observado nas cotações, mas que fazia sentido quando analisado o complexo processo de formação de preços no campo. Pesquisas realizadas pelo Cepea com o apoio da OCB mostraram recuo dos preços dos derivados lácteos em julho. Com cotações elevadas e com o menor poder de compra do consumidor, a demanda por lácteos se desaqueceu. Somado a isso, os maiores volumes de lácteos importados nos últimos meses diminuíram a forte competição entre indústrias pela compra de leite no mercado spot nacional (leite negociado entre indústrias) em julho. A pesquisa do Cepea mostrou que, em Minas Geais, o leite spot registrou média de R$ 2,52/litro em julho, queda de 9,4% frente a junho.


Naquele momento, a demanda fragilizada se tornava o fator mais relevante a influenciar os preços: freava o repasse da valorização da matéria-prima ao consumidor e forçaria, em última instância, uma redução das margens da indústria e dos pecuaristas. No entanto, mesmo com os resultados negativos do mercado de lácteos em julho, a indústria não deve conseguir impor queda de preços no campo. Pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam que, na média, a valorização do leite captado em julho e pago ao produtor em agosto pode chegar a 3%.


O clima adverso e as recentes geadas intensificaram a restrição de oferta entre julho e agosto aumentando a insegurança dos agentes em relação aos volumes de captação. As indústrias, focadas em manter seus market-shares, acirraram a competição pela compra de matéria-prima, estimulando, via preço, o ajustamento da oferta.


A elevação dos preços no campo, no entanto, não tem sido suficiente para garantir aumento de rentabilidade, tendo em vista a forte pressão dos custos, especialmente neste momento em que o clima desfavorece a atividade leiteira. De modo geral, as geadas prejudicaram a alimentação do rebanho, visto que causaram o crestamento (queima da parte vegetativa) das pastagens e diminuíram consideravelmente a qualidade da alimentação volumosa, que já vinha limitada devido ao tempo seco. Vale mencionar que as geadas também provocam danos à aveia, forragem de inverno bastante utilizada no Sul do Brasil nesta época. Com a alimentação volumosa prejudicada, a atividade fica mais dependente do concentrado, que também vem registrando custos altos por conta da valorização dos grãos.


O encarecimento dos grãos também está atrelado ao clima adverso no Brasil e nos Estados Unidos e também à demanda aquecida. Ademais, a produção de volumoso ficou mais cara, já que o dólar elevado também impactou os preços de adubos e corretivos.”


Fonte: site Agro em Dia

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