A cearense Betânia e a mineira Embaré, que é dona da marca Camponesa, vão fundir suas operações com o objetivo de ganhar fôlego para uma expansão nacional no segmento de produtos lácteos. A união resultará em uma companhia com faturamento de mais de R$ 3 bilhões por ano, que vai disputar o segundo lugar no ranking das maiores empresas do país em captação de leite com a suíça Nestlé. A liderança entre as companhias com números conhecidos é da Laticínios Bela Vista, dona da Piracanjuba.
05/10/2021 - A cearense Betânia e a mineira Embaré, que é dona da marca Camponesa, vão fundir suas operações com o objetivo de ganhar fôlego para uma expansão nacional no segmento de produtos lácteos.
A união resultará em uma companhia com faturamento de mais de R$ 3 bilhões por ano, que vai disputar o segundo lugar no ranking das maiores empresas do país em captação de leite com a suíça Nestlé. A liderança entre as companhias com números conhecidos é da Laticínios Bela Vista, dona da Piracanjuba.
A transação está sendo costurada pelo fundo de private equity Arlon, que em 2017 comprou uma fatia societária de 20% na Betânia. O acordo deverá ser anunciado nos próximos dias, e sua conclusão dependerá do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Nem Betânia (que tem o empresário Bruno Girão como acionista majoritário) nem Embaré (controlada pelas famílias Antunes e Schimdt) quiseram comentar o assunto. O Arlon também não se pronunciou.
O mercado de lácteos cresceu 6,6% no ano passado no Brasil e faturou R$ 26,6 bilhões, de acordo com dados da Euromonitor.
A líder no segmento é atualmente a Laticínios Bela Vista, de acordo com levantamento anual da Leite Brasil. A empresa faturou R$ 6,5 bilhão no ano passado e captou 1,8 bilhão de litros de leite.
Juntas, Betânia e Embaré processaram pouco mais de 1 bilhão de litros de leite no ano passado. A companhia resultante da fusão deverá acirrar a disputa com Nestlé, que está segundo lugar no ranking após encolher entre 2019 e 2020. No ano passado, a multinacional suíça processou 1,3 bilhão de litros de leite, queda de 14,6% na
comparação anual.
PRESENÇAS REGIONAIS
Com fortes presenças regionais, Betânia e Embaré devem manter suas marcas. A empresa cearense deu um salto nos últimos cinco anos, dobrando de tamanho. No ano passado, ela faturou R$ 1,2 bilhão, alta de 10,7% ante 2019. O lucro líquido foi de R$ 71,4 milhões, contra R$ 34 milhões no ano anterior.
Recomprada da Parmalat há 21 anos, a Betânia capta 1,1 mil litros de leite por dia de centenas de pequenos produtores regionais, em 130 cidades nordestinas, de acordo com informações que constam em seu site. Pelo dado, é possível estimar que a captação anual da empresa está em cerca de 400 milhões de litros de leite.
Com cinco fábricas no Nordeste e 12 centros de distribuição, a Betânia é líder na categoria longa-vida (UHT) e iogurte na região. Neste mês, a empresa inicia as operações da sua primeira fábrica de leite em pó, localizada em Morada Nova, no Ceará.
A Embaré é a quinta maior marca em leite em pó, com 4% de participação de mercado, de acordo com a Euromonitor. À frente da empresa nesta categoria estão a Nestlé (43%), a francesa Lactalis (26,3%), a Laticínios Bela Vista, (11,2%) e a Italac (4,5%). Lactalis e Italac estão entre as companhias que não constam no ranking de captação de
leite.
A Embaré foi criada a partir da união das empresas Laticínios Lagoa da Prata e Produtos Alimentícios Embaré, em 1969. No ano passado, a companhia faturou R$ 1,65 bilhão, aumento de 38% sobre o ano anterior. Na mesma comparação o lucro mais do que triplicou, para R$ 73 milhões.
Os produtos lácteos com o rótulo Camponesa representam 95% da receita da companhia mineira, e o restante corresponde a vendas de caramelos com marca Embaré. Com sede em Lagoa da Prata, a Embaré possui, ainda, fábricas em Santo Antônio do Monte e Patrocínio, também em Minas Gerais, com capacidade de processamento de
2,8 milhões de litros de leite por dia. Para ampliar a produção de leite em pó, a companhia arrendou uma fábrica da Quatrelati, em Patrocínio.
Para o período entre 2021 e 2026, a Euromonitor projeta um crescimento médio do segmento de 1,7% em volume vendido ao ano, e aumento de 3,8% em receita — sem incluir a inflação.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.
Fonte: MilkPoint (Valor Econômico)