Segundo o CEPEA, o preço do leite captado em setembro – que é pago aos produtores em outubro – foi de R$ 2,8481/litro na “Média Brasil” líquida, recuo de 6,5% frente ao do mês anterior. Essa foi a segunda queda consecutiva, mas – em termos reais – o valor ainda ficou 15,5% acima do registrado em outubro do ano passado (médias deflacionadas pelo IPCA de outubro/22).
28/11/2022 - Segundo o CEPEA, o preço do leite captado em setembro – que é pago aos produtores em outubro – foi de R$ 2,8481/litro na “Média Brasil” líquida, recuo de 6,5% frente ao do mês anterior. Essa foi a segunda queda consecutiva, mas – em termos reais – o valor ainda ficou 15,5% acima do registrado em outubro do ano passado (médias deflacionadas pelo IPCA de outubro/22). A expectativa de agentes consultados pelo CEPEA é de que esse movimento de desvalorização persista até o final do ano, ainda que em menor intensidade.
A baixa nos preços ao produtor no quarto trimestre do ano é algo esperado pelo setor, por causa da tendência de aumento da produção associada ao regime de chuvas. Dessa forma, neste período, um fator sazonal contribui para a queda do custo ligado à alimentação e ao aumento da produção no campo, sobretudo no Sudeste e no Centro-Oeste.
Além disso, neste ano, observa-se uma retomada de investimentos na atividade proporcionada pelas margens mais atrativas entre o segundo e o terceiro trimestres. Pesquisas do CEPEA mostram que os custos da atividade vêm registrando reduções há quatro meses e, ainda que no acumulado do ano se verifique alta, a variação é menor do que a observada em 2021. Em termos de margens, observa-se melhora do cenário em relação ao ano anterior. A relação de troca é uma proxy para esta análise e, apesar de ter aumentado nos últimos dois meses, ainda está mais favorável ao produtor do que em 2021.
Diante disso, observa-se elevação da oferta no campo nos últimos meses. O Índice de Captação de Leite (ICAP-L) aumentou 2,2% de agosto para setembro, quinto avanço mensal consecutivo. Com isso, desde janeiro, o ICAP-L acumula incremento de 8,7% e, desde setembro de 2021, de 10,9%.
Outro fator que tem reforçado o aumento da oferta doméstica é a diminuição das exportações e o elevado patamar das importações nos últimos meses. Os dados da Secex mostram que as exportações seguiram em queda em outubro e, apesar do recuo de 15,4% das importações, o volume internalizado ainda é alto, estando 80,8% maior que o registrado em outubro do ano passado.
Soma-se a esse contexto de pressão sobre as cotações ao produtor a demanda enfraquecida por lácteos na ponta final da cadeia. De acordo com o CEPEA, desde agosto, os laticínios vêm enfrentando dificuldades nas negociações dos lácteos com os canais de distribuição. Este cenário, aliás, se manteve em outubro, devido ao consumo desaquecido. Ainda assim, a desvalorização dos derivados em outubro foi menos intensa que em meses anteriores. Esse movimento baixista no mercado de lácteos em outubro deverá influenciar o preço do leite cru captado naquele mês e pago ao produtor em novembro, corroborando a expectativa de que o ano termine com os preços no campo em queda.
Fonte: CEPEA / Boletim do Leite – Novembro 2022 (Canal do Leite)