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CEPEA: Ano inicia com alta atípica para o setor de laticínios

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), o ano de 2023 começa de forma atípica para o setor lácteo nacional, sendo marcado por altas de preços ao longo de toda cadeia produtiva.



27/02/2023 - Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), o ano de 2023 começa de forma atípica para o setor lácteo nacional, sendo marcado por altas de preços ao longo de toda cadeia produtiva. Historicamente, o que se observa é desvalorização do leite no início do ano, por conta do aumento sazonal da produção. Este aumento, por sua vez, está atrelado à melhoria das pastagens, em decorrência das chuvas típicas da primavera e do verão. Contudo, neste início de 2023, verifica-se justamente o oposto: limitação da produção, em consequência do clima adverso, resultado do fenômeno La Niña.


No Sul, o avanço da entressafra – que seria normal nesta época do ano – se intensificou, devido à forte estiagem na região, que reduziu a captação para além do esperado. Ao mesmo tempo, no Sudeste e Centro-Oeste – que sazonalmente estariam passando pelo pico da safra – o excesso de chuvas tem prejudicado a produção. O Índice de Captação Leiteira do CEPEA (ICAP-L) recuou 0,15% de novembro para dezembro na Média Brasil. Nos estados do Sul, houve retração média de 2%, ao passo que, nos estados do Sudeste e Centro-Oeste, a alta foi de apenas 1%.


Além da questão climática, é importante destacar que o estreitamento das margens dos produtores também tem reforçado a diminuição dos investimentos no campo. Pesquisas do CEPEA mostram que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 0,68% em janeiro. Com a receita em queda desde agosto e os preços firmes dos insumos – especialmente da ração – o poder de compra do pecuarista tem diminuído, dificultando um incremento ou até mesmo a manutenção da oferta.


Nesse contexto, agentes de mercado apontam que a concorrência por fornecedores voltou a crescer ainda no final do ano passado. Isso enfraqueceu o movimento de queda nos preços ao produtor e, na Média Brasil líquida do CEPEA, o leite captado em dezembro fechou em R$ 2,52/litro, recuo de apenas 0,8% em relação ao mês anterior, em termos reais.


Com a produção limitada no campo, a média mensal do leite spot em Minas Gerais vem subindo desde a segunda quinzena de dezembro e registra alta de 22,4% na média de janeiro, quando chegou a R$ 2,81/litro (valores deflacionados pelo IPCA de janeiro/23).


A valorização da matéria-prima resultou em aumento nos preços dos lácteos em janeiro. De acordo com o CEPEA, em janeiro, o preço médio do UHT subiu 4,2%, o da muçarela, 3,3% e o do leite em pó, 1%. Assim, a expectativa é de que os preços ao produtor possam registrar altas em janeiro, numa movimentação considerada “precoce” pelo setor, mas que se justifica pela diminuição da produção e pelo aumento da concorrência dos laticínios por fornecedores.


É importante observar que a oferta interna limitada e o aumento dos preços ao longo de toda cadeia estimularam o aumento de 2,8% nas importações e a queda de 30,1% nas exportações de lácteos em janeiro. As compras externas, que vinham em queda desde outubro, chegaram a 156,9 milhões de litros em equivalente leite, sendo 2,3 maior que o internalizado no mesmo período do ano passado.



Fonte: CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

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